Subsídio público é insuficiente, falta espaço para estruturar o carnaval e o apoio da iniciativa privada ainda é limitado O Carnaval de Belo Horizonte tem ganhado a atenção de milhares de foliões, que, nos últimos anos, deixaram de migrar para o litoral e interior para aproveitar a folia na capital mineira. Mas, o crescimento da festa não tem refletido em mais investimentos para as escolas de samba da cidade. Atualmente, Belo Horizonte conta com seis agremiações no grupo especial: Acadêmicos de Venda Nova (atual campeã), Canto da Alvorada, Cidade Jardim, Estrela do Vale, Força Real e Imperavi de Ouros. O representante das escolas de samba de BH e presidente da Acadêmicos de Venda Nova Francisco Gonçalves explica que as agremiações enfrentam uma série de problemas ao longo do ano para colocar os carros na avenida em fevereiro. “Não temos galpões para confeccionar as fantasias e nem os carros alegóricos. Além disso, a subvenção oferecida pelo poder público às escolas chega muito tarde e não cobre nem metade dos custos que temos com o carnaval. Este ano recebemos R$ 40 mil e vamos gastar mais de R$ 100 mil para financiar o desfile”. Outra necessidade listada por Francisco Gonçalves é a criação de uma lei que regulamente o Carnaval de BH e o institua oficialmente no calendário da cidade. “Desta forma, seria possível haver uma programação prévia em torno da festa com mais antecedência do que acontece atualmente, o que organizaria, inclusive, o repasse de subsídios para que as escolas pudessem se programar”. Apoio externo Se o que vem do poder público não é suficiente para subsidiar as escolas de samba de BH, as regras para patrocínio da iniciativa privada adotadas atualmente também não agradam. Madalena Bavose, presidente da escola Estrela do Vale, explica que os únicos locais disponíveis para exibição da marca dos patrocinadores das escolas de samba são as camisas e os carros alegóricos. “Não é permitido exibir marcas de nossos patrocinadores em camarotes ou outros espaços mais atrativos. Esses locais são reservados aos apoiadores do Carnaval de forma geral. Isso acaba deixando o subsídio à escola pouco interessante para a iniciativa privada e prejudica nosso desenvolvimento”, avalia Madalena. Mesmo assim, há empresas que decidem apostar na força e na tradição das escolas de samba do carnaval de Belo Horizonte. É o caso da Rede UAI Shopping, por meio da Fundação Doimo — administradora os empreendimentos da marca —, que patrocina a Acadêmicos de Venda Nova. Elias Tergilene, presidente da Fundação e empreendedor da Rede UAI, acredita que é preciso reconhecer não só a importância cultural das agremiações para a cidade, mas o trabalho social que é feito por elas nas comunidades. “As escolas de samba fazem um trabalho essencial nas comunidades onde atuam e precisam de recursos para se manter ao longo do ano. Envolvem milhares de pessoas na preparação do carnaval, geram conhecimentos, oportunidades e proporcionam contato com a cultura e com a educação. Além disso, o Carnaval é uma festa que movimenta milhões em reais e o patrocínio às escolas é uma estratégia de negócio muito interessante a ser explorada pela iniciativa privada”, ressalta Elias Tergilene.]]>